Um artista em meio às ruínas: a devastadora exposição de Rodrigo Echeverri na LGM

Rodrigo Echeverri tem um quê de artista renascentista: tem cabelos longos e cacheados e barba aparada com tesoura. Sua foto de perfil do WhatsApp exibe a luz de Salvador Mundi, de Leonardo da Vinci.
E sua exposição na Galeria LGM em Bogotá (Rua 73, 20C-73) também tem algo do espírito renascentista: como Michelangelo, Rafael e companhia, Rodrigo assumiu a responsabilidade de exaltar as ruínas, só que seus olhos não estavam focados nos escombros gregos e romanos, mas nos pisos das casas de Teusaquillo e nos desenhos em granito e bronze nos saguões de antigos cinemas, onde operários e capatazes criavam estrelas e desenhos geométricos impossíveis. Echeverri faz parte de uma geração de artistas brilhantes e compartilhou horas na cafeteria e no ateliê com Sair García, María Isabel Rueda, Luis Hernández Mellizo e Miler Lagos na Universidade Nacional.

Rodrigo Echeverri Foto: Andrea Moreno / EL TIEMPO
A obra de Echeverri, de alguma forma, sempre esteve ligada à arquitetura; seu primeiro golpe de autoridade foram suas pinturas-objeto que devoravam as paredes com sua cor vermelho-sangue. Hoje, todos que as veem as associam a tijolos, mas ele as concebeu como pequenos caixões de um país em guerra. Cada uma de suas novas obras é impossível de definir: esculturas? Pinturas? Sua proposta artística de pintura-objeto atingiu seu auge dramático em seu próprio apartamento: ele instalou um desses desenhos em granito no chão. Na LGM, ele apresenta uma impressionante instalação feita com colunas de granito que evocam um mundo arquitetônico perdido, mas também ideias aparentemente imutáveis, como a fé cega no progresso, que, segundo ele, ruíram como peças de dominó. Este é seu autorretrato.

Instalação de Rodrigo Echeverri na LGM. Foto: Fernando Gómez Echeverri
Quais foram as primeiras ruínas que você viu na sua vida?
Não sei se posso chamá-las de ruínas, mas me lembro dos trilhos da ferrovia nacional quando criança. Pensar em um país sem sistema ferroviário é absurdo. Mas as primeiras ruínas antigas que vi foram as do Parque Arqueológico de San Agustín.
Qual foi seu ponto de encontro com a arquitetura?
Meu trabalho pictórico sempre manteve uma estreita ligação com a arquitetura. Nesta exposição, várias pessoas me disseram que se lembravam de lugares impregnados de nostalgia: espaços familiares onde os pisos eram de granito. Esse material foi frequentemente utilizado durante o século passado, especialmente em bairros de classe média e trabalhadora em bairros tradicionais de cidades como Bogotá, Cali, Medellín e Barranquilla. Na instalação principal, "Nacer ruina", há 28 fragmentos que evocam colunas, como se pertencessem a um templo ou a um edifício que abrigasse o poder político. Interessa-me particularmente aquele momento em que a coluna fala do poder, do institucional, da ideia do Ocidente como uma construção em colapso.
Qual artista vivo ou morto você contrataria para pintar seu retrato?

Rodrigo Echeverri. Foto: Andrea Moreno/EL TIEMPO
Qual é a sua obra-prima até agora?
É uma pergunta muito difícil, mas se eu tivesse que escolher uma, talvez eu escolhesse aquela que deu início a esta série em granito, que fiz diretamente no chão do meu apartamento, porque ela abrange mais de 20 anos da minha carreira e obsessões.
Você se lembra de quem comprou sua primeira obra?
Não me lembro exatamente, mas pode ter sido Alejandro Castaño, Carlos Hurtado ou Juan Pablo Navas.
Qual foi a primeira obra de arte que você viu?
Provavelmente alguma pintura da minha tia Elizabeth.
Há quantos anos você está nessa carreira?
Eu me formei em 2003, mas acho que minha carreira começou no momento em que entrei na Faculdade de Artes da Universidade Nacional, em 1996.
Que crítica mais te incomodou?
Em certo momento, um galerista questionou o fato de eu pintar minha série Caixas Pretas há tanto tempo. Acho que só os artistas devem definir quantos anos dedicamos a um determinado projeto. Para quem está de fora, pode parecer fácil encontrar uma veia criativa, mas uma boa ideia não só é muito difícil de encontrar, como também não nasce pronta; é uma construção que surge da persistência. Isso me incomodou porque essa pessoa não tinha ideia de em que estágio aquela ideia estava — como dizem: do sapateiro ao sapateiro.
E qual te fez mais feliz?
Um colecionador me contou certa vez que costumava sentar-se diante de uma das minhas obras ao chegar em casa e observá-la, quase como se estivesse meditando. Saber que alguém se dá ao trabalho de decantar uma imagem e levá-la a um estado quase espiritual é muito gratificante.
Quão organizada é sua oficina?
Para você, quem é o artista vivo mais importante do mundo?
Em geral, acho rankings de artistas odiosos. Não gosto de ser rotulado como atleta de alto rendimento. Em disciplinas como o esporte, é possível estabelecer um ranking: alguns correm mais rápido que outros, saltam mais alto ou marcam mais gols. Mas o mesmo não acontece na arte. Cada artista aborda temas tão diversos e consegue tocar tanto o espectador que afirmar que este ou aquele artista é "mais importante" ou "melhor" carece de qualquer fundamento. A arte não se mede em termos de velocidade ou altura, mas em ressonância, na capacidade de suscitar questionamentos, desfazer certezas ou despertar emoções.
Com qual artista você gostaria de expor na mesma sala?
Com Omar Rayo, Rafael Echeverri, Carlos Rojas, Malevich, Rothko, Donald Judd.
Que obra de arte universal você gostaria de ter na sua sala de estar?
Algumas pinturas de Rubens.
Você já chorou diante de uma obra de arte?
Quase como o Davi de Michelangelo. Também senti uma emoção muito intensa quando vi um James Turrell pela primeira vez.
A arte digital é o futuro? Você já tem NFTs?
Pelo contrário, com o surgimento da IA, acredito que haverá maior valor nas coisas feitas por humanos, objetos e ideias com falhas, erros e contradições, assim como a própria natureza humana.
eltiempo