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As vacinações infantis estão estagnadas, e a ameaça de futuros surtos de sarampo e tuberculose está aumentando.

As vacinações infantis estão estagnadas, e a ameaça de futuros surtos de sarampo e tuberculose está aumentando.

Os esforços para vacinar crianças contra doenças mortais estão ameaçados em todo o mundo devido à desigualdade econômica, às interrupções causadas pela COVID-19 e à desinformação antivacina, alertou um estudo divulgado na quarta-feira. Essas tendências aumentam a ameaça de futuros surtos de doenças preveníveis, enquanto cortes profundos na ajuda externa ameaçam o progresso anterior na vacinação de crianças no mundo.

Um novo estudo publicado na revista The Lancet analisou as taxas de vacinação infantil em 204 países e territórios. Estima-se que o programa de imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha salvado cerca de 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos. A cobertura vacinal contra doenças como difteria, tétano, coqueluche, sarampo, poliomielite e tuberculose dobrou entre 1980 e 2023, segundo a equipe internacional de pesquisadores.

No entanto, o progresso desacelerou na década de 2010, quando a vacinação contra o sarampo diminuiu em cerca de metade dos países, com o maior declínio observado na América Latina. Um declínio notável de 12% em crianças vacinadas com a primeira dose contra o sarampo na Argentina.

Por outro lado, mais da metade de todos os países de alta renda registraram queda na cobertura de pelo menos uma dose da vacina. Com a chegada da pandemia de COVID-19, os serviços de vacinação de rotina foram drasticamente interrompidos, resultando em quase 13 milhões de crianças adicionais sem receber nenhuma dose da vacina entre 2020 e 2023, segundo o estudo.

Essa disparidade persistiu, principalmente nos países mais pobres. Em 2023, mais da metade dos 15,7 milhões de crianças completamente não vacinadas do mundo viviam em apenas oito países, a maioria na África Subsaariana, segundo o estudo.

O Brasil está nessa lista, no final, com 452.000 crianças não vacinadas. A União Europeia registrou 10 vezes mais casos de sarampo no ano passado do que em 2023. Nos Estados Unidos, um surto de sarampo ultrapassou 1.000 casos em 30 estados no mês passado, já mais do que os registrados em todo o ano de 2024. Os casos de poliomielite, há muito erradicados em muitas áreas graças à vacinação, têm aumentado no Paquistão e no Afeganistão, enquanto Papua-Nova Guiné enfrenta atualmente um surto de poliomielite.

"As vacinações de rotina na infância estão entre as intervenções de saúde pública mais poderosas e econômicas disponíveis", disse Jonathan Mosser, autor sênior do estudo e membro do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), sediado nos EUA.

"Mas as persistentes desigualdades globais, os desafios da pandemia de COVID-19 e a crescente desinformação e hesitação em relação à vacinação contribuíram para a estagnação do progresso na imunização", afirmou ela em um comunicado. Por outro lado, "o número crescente de pessoas deslocadas e as desigualdades devido a conflitos armados, instabilidade política, incerteza econômica e choques climáticos" persistem, acrescentou Emily Haeuser, principal autora do estudo, também do IHME.

Pesquisadores alertaram que esses contratempos podem ameaçar a meta da OMS de que 90% das crianças e adolescentes do mundo recebam vacinas essenciais até 2030. A OMS também pretende reduzir pela metade o número de crianças que não receberam nenhuma dose de vacina até 2030, em comparação com os níveis de 2019. Até o momento, apenas 18 países alcançaram esse objetivo, de acordo com o estudo, financiado pela Fundação Gates e pela aliança de vacinas GAVI.

A comunidade global de saúde também foi afetada pela decisão do governo Trump de reduzir drasticamente a ajuda internacional dos EUA no início deste ano. "Pela primeira vez em décadas, o número de crianças morrendo em todo o mundo provavelmente aumentará este ano, em vez de diminuir, devido a cortes massivos na ajuda externa", disse Bill Gates em um comunicado separado na terça-feira.

"É uma tragédia", disse o cofundador da Microsoft, que prometeu US$ 1,6 bilhão à GAVI, que realizará uma cúpula de arrecadação de fundos em Bruxelas na quarta-feira.

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