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Crianças aprendem palavras mesmo quando falam com elas através de máscaras, de acordo com um estudo científico pós-Covid.

Crianças aprendem palavras mesmo quando falam com elas através de máscaras, de acordo com um estudo científico pós-Covid.
Uma equipe de pesquisa da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) e da Universidade de Grenoble Alpes - Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), na França, mostrou que crianças a partir de dois anos de idade podem aprender novas palavras mesmo quando a pessoa que fala com elas está com a boca ou os olhos cobertos.
Segundo este estudo, a aprendizagem de vocabulário nessas idades está associada ao acompanhamento do olhar do interlocutor e à concentração no objeto que lhe é mostrado quando a nova palavra é pronunciada, mas não depende de atenção seletiva à boca ou aos olhos do falante.
Esses resultados fornecem dados tranquilizadores sobre o impacto do uso de máscara no desenvolvimento da linguagem das crianças, uma preocupação levantada entre famílias e profissionais da primeira infância durante a pandemia de COVID.
O estudo, publicado na revista Developmental Psychology, é o primeiro a mostrar que, a partir dos dois anos de idade, as crianças são capazes de aprender novo vocabulário — isto é, criar associações entre palavras e objetos desconhecidos — por meio de breve interação audiovisual.
Ao mesmo tempo, enfatiza a importância da referência social — observar a pessoa que está falando para buscar reforço para sua resposta — e do controle da atenção no aprendizado de novas palavras.
Rastreamento do olhar
O rastreamento ocular e a atenção seletiva às habilidades bucais que os bebês desenvolvem durante o primeiro ano de vida foram associados à melhora drástica na aquisição de palavras que ocorre durante o segundo ano — um fenômeno conhecido como "aumento do vocabulário".

As crianças podem aprender palavras mesmo quando o interlocutor está com os olhos vendados. Foto: iStock

Isso levou alguns especialistas a propor que ambas as estratégias de atenção são fundamentais para o desenvolvimento do vocabulário infantil. No entanto, até o momento, nenhuma relação de causa e efeito havia sido encontrada para validar essa hipótese.
"Estudos anteriores sugeriram que olhar para a boca de quem fala pode ajudar as crianças a processar melhor a fala e, especificamente, a compreender e memorizar novas palavras com mais facilidade, graças aos sinais visuais fornecidos pelos movimentos da boca. Se for esse o caso, o uso de máscara deve dificultar a aprendizagem de novas palavras", explica Joan Birulés, pesquisadora do Departamento de Psicologia Básica, do Desenvolvimento e da Educação da UAB e primeira autora do estudo.
Para descobrir, a equipe de pesquisa registrou o olhar de crianças francesas entre 17 e 42 meses de idade enquanto elas participavam de uma tarefa de aprendizagem de palavras em três situações: com o rosto do falante totalmente visível, com os olhos cobertos por óculos de sol e com a boca coberta por uma máscara cirúrgica.
Na tarefa, os participantes viram uma tela com um interlocutor e um objeto de cada lado. O falante pronunciou uma palavra monossilábica seis vezes e, simultaneamente, desviou o olhar para o objeto associado à palavra em duas ocasiões.
Óculos de sol também não afetam.
Os resultados mostraram que as crianças aprenderam novas palavras a partir dos 24 meses e, surpreendentemente, esse aprendizado não foi afetado por óculos ou máscaras.
Uma melhor aprendizagem de palavras foi correlacionada com o comportamento de seguir o olhar — mover o olhar em direção ao objeto e alternar entre o rosto do falante e o objeto — em todas as idades e condições.

A infância é uma fase fundamental para o desenvolvimento emocional e cognitivo. Foto: iStock

Embora mascarar os olhos ou a boca alterasse os padrões de atenção e os fizesse focar mais nas regiões faciais descobertas, essa manipulação não afetou sua capacidade de formar novas associações entre a palavra e o objeto.
"Os resultados indicam que a estratégia ideal de atenção das crianças é baseada na compreensão social e na exploração visual do objeto, e que a informação audiovisual da boca do falante não é um mecanismo essencial para estabelecer rapidamente novas associações entre palavras e seus significados, pelo menos em crianças com desenvolvimento típico e em contextos de aprendizagem ou mapeamento rápidos", acrescenta o pesquisador.
Além disso, na situação de rosto descoberto, as crianças preferiram olhar para os olhos do falante em vez de sua boca, ao contrário de outros estudos anteriores em crianças que exploram o rosto do interlocutor.
Isso leva a equipe de pesquisadores a considerar que crianças entre 1,5 e 3 anos já são capazes de controlar com flexibilidade a atenção visual , ajustando a atenção seletiva entre os olhos e a boca do interlocutor, de acordo com as exigências da tarefa.
Diante dos resultados do estudo, os pesquisadores acreditam que uma estratégia eficaz para melhorar o aprendizado de palavras na infância seria realizar uma exploração mais aprofundada do objeto em questão , combinada com movimentos visuais rápidos entre o objeto e o rosto do falante.
No entanto, eles não descartam que prestar atenção à boca do falante possa ser útil em situações de maior complexidade no processamento da fala, como no caso de crianças com dificuldades auditivas, distúrbios de linguagem ou aquelas no espectro do autismo.
"Nesses casos, sinais visuais da boca podem se tornar essenciais, uma questão que estamos explorando atualmente em colaboração com centros de saúde em Grenoble", explica Birulés.
Informações da Agência SINC.
eltiempo

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