Segundo especialistas em doenças infecciosas, o Ministério da Saúde está colocando barreiras no acesso aos medicamentos contra o HIV

Uma circular do Ministério da Saúde levantou preocupações entre especialistas em doenças infecciosas e especialistas sobre as barreiras que ela poderia impor ao tratamento do HIV na Colômbia. Esta é a circular externa 006, enviada pelo Ministro da Saúde em 24 de fevereiro à EPS, prestadores de serviços de saúde, médicos e outros atores.
No documento, o Ministério da Saúde estabelece novos processos para prescrição de tratamentos antirretrovirais para HIV, que fazem parte do Plano Básico de Saúde (PBS) da Colômbia. Agora, quando um profissional de saúde quiser solicitar esse tratamento, ele deve fazê-lo por meio do Mipres, uma ferramenta para prescrição de tecnologias de saúde não financiada com recursos da UPC.

Circular do Ministério da Saúde. Foto: Ministério da Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, a medida é tomada com o objetivo de monitorar e avaliar o acesso às tecnologias em saúde na prestação de serviços de saúde. “É necessário permitir a prescrição, o direcionamento, o fornecimento e a notificação dos seguintes medicamentos, incluindo medicamentos em combinações de dose fixa por meio do Mipres, que sejam identificados por sua denominação comum internacional (DCI) de acordo com a Resolução 3311 de 2018 ou a regulamentação que a modificar, substituir ou revogar”, afirma a circular.
No total, 19 antirretrovirais são abrangidos pela lei, incluindo o conhecido dolutegravir, ao qual o governo concedeu uma licença compulsória para facilitar o acesso ao tratamento de pacientes com HIV.

Antirretrovirais que devem ser prescritos através do Mipres. Foto: Ministério da Saúde
No entanto, a decisão do Ministério da Saúde gerou preocupação entre a associação de infectologistas, que descreveu esse processo como uma nova barreira no acesso aos tratamentos. “É inaceitável aumentar as barreiras em vez de reduzi-las! "Há uma necessidade urgente de acesso irrestrito aos medicamentos, para evitar a estigmatização e agilizar o atendimento com uma abordagem integral, eliminando barreiras administrativas", afirmou a Associação Colombiana de Infectologia, que reúne médicos infectologistas, microbiologistas, profissionais de enfermagem e bacteriologia do país.
Segundo seu diretor, Germán Camacho, é uma “contradição” que, se por um lado o Governo está melhorando o acesso ao medicamento ao baixar o preço do dolutegravir, ao mesmo tempo está dificultando o acesso ao adicionar esta nova etapa para obtê-lo.

Frascos do medicamento antirretroviral dolutegravir chegando à Colômbia. Foto: Ministério da Saúde
“Solicitar que seja feito pelo Mipres é uma etapa administrativa adicional que não estava sendo feita e que se torna uma barreira para os pacientes, pois é um procedimento adicional que pode gerar problemas como a EPS não autorizar ou devolver. Nossa preocupação é que isso se torne uma barreira ao acesso aos medicamentos. Quanto mais procedimentos administrativos forem solicitados para justificar uma formulação que esteja dentro do Plano de Benefícios de Saúde, mais barreiras poderão existir para sua entrega. “Essa é a nossa posição e a nossa preocupação”, acrescentou Camacho.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
eltiempo