Entre Donald Trump e Bruce Springsteen, a Guerra dos Chefes é declarada

Em turnê pela Europa – ele se apresenta em Marselha neste sábado, 31 de maio – o famoso roqueiro americano não mede palavras contra o inquilino da Casa Branca e os danos causados por sua administração. Uma mensagem militante que lhe rendeu a ira de Donald Trump. Através destes dois homens da mesma geração, chocam-se duas visões da América, analisa o “The New York Times”.
Desde a década de 1980, Bruce Springsteen defende em suas canções uma visão plural e fantasiada dos Estados Unidos e da identidade americana. Uma espécie de versão revisitada do New Deal [do Presidente Roosevelt], que afirma a dignidade e o orgulho do trabalho honesto e a importância de respeitar nossas diferenças, sejam elas culturais, étnicas ou de gênero. Essa abordagem coletiva poderia ser resumida em uma frase, com a qual Springsteen há muito conclui seus shows:
“Ninguém vence a menos que todos vençam.”
E na boca do cantor, "todos" realmente significa "todos" — imigrantes ilegais e agentes da patrulha de fronteira, mães solteiras e pais ausentes, vítimas negras da brutalidade policial e os policiais que atiram nelas (e se arrependem), veteranos traumatizados do Vietnã e refugiados do Sudeste Asiático tentando encontrar seu lugar nos Estados Unidos.
Mas a década de 1980 também viu o surgimento de outra imagem da América, ansiosa por destruir os vestígios do New Deal e cujo arquétipo não era outro senão um certo Donald Trump, um empreendedor imobiliário chamativo e queridinho das revistas de escândalos. Uma abordagem cuja ideia central poderia ser resumida da seguinte forma:
“Eu só ganho se todos os outros perderem.”
Desde então, Donald Trump se mudou para a Casa Branca e agora está fervendo de raiva mesquinha de Bruce Springsteen, que ousou criticá-lo na primeira noite de sua turnê europeia [14 de maio, em Manchester].
Nada irrita Donald Trump mais do que ver outra celebridade desrespeitá-lo. Mas essa questão vai além disso. A cantora de 75 anos e o presidente de 78 anos personificam, de muitas maneiras, duas visões opostas da América moderna. Eles oferecem aos seus admiradores a perspectiva de futuros radicalmente diferentes.
Enquanto a campanha presidencial de Donald Trump procurou tornar a América (ou pelo menos a sua visão da América) grande novamente, a digressão "Land of Hope and Dreams" de Bruce Springsteen [literalmente: “Terra de esperança e sonhos”], defende outra face, mais generosa, dos Estados Unidos.
A letra da canção homônima oferece, portanto, uma visão idealista de integração, em um trem onde “santos e pecadores” se misturam.

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