Leila Guerriero, a escritora que fez a Argentina chorar com a comovente história de uma vítima da junta militar

Retrato A grande escritora de não ficção relata a provação de Silvia Labayru. Em 1976, esta ativista de extrema esquerda foi sequestrada e torturada pela junta militar. Uma história excepcional.
Para ir mais longe
Algo está acontecendo na América do Sul. Depois do filme vencedor do Oscar de Walter Salles sobre a ditadura no Brasil ("Ainda Estou Aqui"), um filme que teve um enorme impacto em seu país, Leila Guerriero, a maior escritora de não ficção da Argentina, publicou em 2023 um texto magistral, exaustivo, terrível e comovente, cuja versão em francês foi lançada hoje pela Rivages. "O Chamado" conta a história de Silvia Labayru, uma jovem sequestrada na véspera de Natal de 1976 pelos militares que acabavam de tomar o poder. Silvia fazia parte de um pequeno grupo peronista de extrema esquerda que defendia ações violentas, os Montoneros. Aos 20 anos, grávida de cinco meses, ela foi mantida em cativeiro na Escola Mecânica Naval (Esma), o maior centro de detenção da Argentina, entre os cerca de 700 espalhados pelo país. Entre 1976 e 1983, aproximadamente cinco mil pessoas foram sequestradas, torturadas e assassinadas ali . Menos de duzentas sobreviveram. O número total de desaparecidos durante a ditadura é de trinta mil.
Silvia Labayru está prestes a escapar após um ano e meio de tortura e abuso. Ela deu à luz sua filha Vera em uma mesa no início de seu cativeiro. Ela foi estuprada por um oficial militar de alta patente e pela esposa dele, que participava das sessões. Ao final de sua detenção, Silvia pensou que poderia...

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Le Nouvel Observateur