Qual o sentido de escrever poesia quando Gaza está morrendo?

Resenha: O escritor Karim Kattan, que nasceu em Jerusalém, cresceu em Belém e agora mora na França, publicou a coletânea de poemas "Hortus Conclusus". Uma peregrinação por jardins ao redor do mundo assombrados pela presença/ausência da Palestina.
Por Doan Bui
Escritor Karim Kattan em Paris, 11 de janeiro de 2025. REBECCA TOPAKIAN
Para ir mais longe
"Ocorre-me que poemas e jardins se engendram reciprocamente: jardins foram compostos como ilustrações para poemas e poemas como um comentário sobre jardins." Abrindo aleatoriamente "Coleções de Areia" (1984), do italiano Italo Calvino, e em particular um ensaio dedicado a uma viagem ao Japão, não esperava encontrar este eco perfeito de "Hortus Conclusus", a magnífica coletânea de poemas do escritor palestino Karim Kattan publicada nesta primavera pela l'Extrême Contemporain, um autor cujo romance "Éden ao Amanhecer" (Elyzad, 2024) já adorávamos. Mas há correspondências secretas entre livros e escritores, que não se importam com fronteiras. Suas palavras são como pássaros: voam alto no céu e ignoram os postos de controle.
A geografia sempre alcança Karim Kattan. É assim quando você é um exilado, quando está longe do seu "Dar", aquela palavra mágica que significa lar/família/porta na Palestina: biografia sempre se mistura com geografia, datas com lugares. Em árabe, a palavra "biografia" está relacionada à palavra "tradução": ela nos transporta entre espaços e línguas, o tempo da história e a história. Der…
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