Saúde. “A proteção é o ano todo”: Crianças continuam mal protegidas do sol

As crianças e sua pele frágil estão mais expostas aos raios solares e aos riscos que eles representam. No entanto, elas não estão adequadamente protegidas, de acordo com a Sociedade Francesa de Dermatologia, que alerta para o problema.
Evitar a exposição solar de bebês, usar chapéu para seu filho mesmo em dias nublados... Essas recomendações são essenciais para reduzir o risco de câncer na idade adulta. Mas os médicos lamentam que elas continuem sendo pouco implementadas. "Não protegemos as crianças o suficiente do sol", resume Sophie Mallet, membro da Sociedade Francesa de Dermatologia (SFD), que acaba de emitir um alerta nesse sentido. A organização costuma emitir alertas todo verão sobre a necessidade de proteção solar adequada. Mas esta é a primeira vez que dermatologistas franceses se concentram na situação das crianças.
Uma questão de saúde públicaTrata-se de uma "questão de saúde pública", enfatizou o SFD em um comunicado à imprensa publicado na quarta-feira. O comunicado destaca que a pele das crianças é mais frágil e cita estudos que mostram que queimaduras solares antes dos 15 anos dobram o risco de um dia desenvolver melanoma, o câncer de pele mais letal.
Uma criança deve ser exposta ao sol o mínimo possível até os três anos de idade, enfatizam dermatologistas. Mesmo com mais idade, é necessário evitar a exposição entre meio-dia e 16h. E privilegiar roupas que cubram a pele, especialmente um chapéu de abas largas, mesmo que o tempo esteja nublado, pois as nuvens deixam passar a maior parte dos raios ultravioleta (UV). No entanto, uma olhada nos espaços públicos nos permite perceber que crianças e bebês muitas vezes permanecem mal protegidos , em comparação com essas recomendações. Certamente, "há uma melhora: vemos algumas crianças mais protegidas na praia, o que não víamos há alguns anos", admite Sophie Mallet. "Mas a proteção é o ano todo e todos os dias", alerta.
Diariamente, fornecer boas informações aos pais é, portanto, essencial. Mas a mensagem também deve ser transmitida às escolas e instituições, como creches, que cuidam de bebês, que são os mais vulneráveis ao sol. "Recebemos diretrizes todos os anos sobre o calor: circulares "cuidado com o calor extremo", "obrigar as crianças a beber bastante água"... Mas é verdade que não há nenhuma sobre o sol", reconhece Véronique Escames, auxiliar de puericultura e secretária-geral da União Nacional dos Profissionais da Primeira Infância (SNPPE). No entanto, ela acredita que os profissionais, muitas vezes com formação paramédica, estão cientes do problema, mesmo admitindo que é mais difícil transmitir a mensagem de prevenção "quando o tempo está nublado".
Cuidado com o marketing de produtos solaresOutro fator que contribui para a baixa proteção infantil, segundo médicos, é a crença de que o protetor solar pode fazer tudo . Dermatologistas recomendam a aplicação regular de protetor solar em crianças expostas ao sol. No entanto, alertam que essa medida deve ser considerada um complemento e não elimina completamente os riscos da exposição de crianças pequenas. No entanto, alguns fabricantes de protetor solar promovem produtos especificamente desenvolvidos para crianças ou bebês. Isso representa um risco, segundo alguns observadores, de confundir os pais.
"Produtos de proteção solar exibem 'da maternidade' ou 'do zero mês': é completamente absurdo", reclama Céline Couteau, farmacêutica e especialista em cosmetologia que realiza regularmente análises de protetores solares. "Dizem para não expor as crianças, mas vão vender um produto para expô-las", insiste, relatando também que seus testes revelam regularmente que os cremes são menos eficazes do que o prometido.
A agência francesa de segurança alimentar, ANSES, também solicitou a proibição de qualquer rotulagem com a palavra "crianças" em produtos de proteção solar até o final de 2024. Essa sugestão fazia parte da revisão em andamento de uma recomendação europeia. A Federação das Empresas de Beleza (Febea), que inclui fabricantes de protetores solares, declarou que também recomenda manter bebês e crianças pequenas longe do sol. No entanto, "em casos de exposição inevitável, o protetor solar é essencial para proteger as partes expostas do corpo", insiste.
Le Bien Public