O fracasso da campanha de vacinação


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Não houve melhora em relação à cobertura do ano anterior (53,3%), confirmando uma estagnação que está se tornando crônica. Enquanto isso, as campanhas de informação desapareceram.
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Os dados publicados pelo Ministério da Saúde sobre a cobertura vacinal contra a gripe para a temporada 2024-2025 confirmam uma tendência já consolidada e preocupante: a vacinação entre os maiores de 65 anos, os mais vulneráveis, permanece estagnada em apenas 52,5%, longe do limite mínimo recomendado pela OMS (75%) e ainda mais distante da meta ideal de 95%. Não houve melhora em relação ao ano anterior (53,3%), confirmando uma estagnação que está se tornando crônica. Os números da temporada pandêmica de 2020-2021 também estão longe dos 65,3%, graças a uma forte pressão midiática e institucional relacionada à emergência da Covid. Mas, uma vez que o medo desapareceu, o compromisso político também desapareceu.
As campanhas de informação desapareceram, a comunicação pública enfraqueceu e o interesse do governo pela prevenção parece ter evaporado. Mesmo entre a população em geral, embora tenha havido um ligeiro aumento (de 18,9% para 19,6%), a comparação com os 23,7% alcançados em 2020-21 é implacável. Este número deve ser visto como uma oportunidade para investir em informação e acessibilidade, não como uma meta. Este declínio não é apenas um problema organizacional: é também, e acima de tudo, uma responsabilidade cultural e política. O ceticismo em relação às vacinas, que cresceu nos últimos anos devido à comunicação frequentemente confusa ou ausente, também afetou a percepção da vacinação contra a gripe, que sempre foi uma ferramenta eficaz e segura. O Ministério da Saúde e o governo devem agir agora. Precisamos de campanhas amplas, claras e contínuas. Precisamos envolver médicos generalistas, farmácias, escolas e a mídia. Precisamos reconstruir a confiança, com transparência e responsabilização. Porque cada porcentagem perdida é uma falta de proteção, cada silêncio institucional é um sacrifício para a saúde pública. E os mais vulneráveis não podem continuar sofrendo por indiferença política.
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