<![CDATA[ Droga sintética kush mata milhares de pessoas na África Ocidental desde 2022 ]]>
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A droga sintética kush matou milhares de pessoas na África Ocidental desde 2022, principalmente na Serra Leoa, o seu epicentro, de acordo com um relatório da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional.
De acordo com o estudo "Kush na Serra Leoa: O crescente desafio das drogas sintéticas na África Ocidental", esta droga, que surgiu precisamente na Serra Leoa e que rapidamente se espalhou para os países da região, nomeadamente Guiné-Bissau, Libéria, Guiné-Conacri, Gâmbia e Senegal, "tem efeitos devastadores".
Em abril de 2024, os impactos na saúde causados pelo kush eram tão graves que os Presidentes da Serra Leoa e da Libéria declararam uma emergência nacional devido ao consumo de droga, uma medida sem precedentes, explicou a organização em comunicado.
A iniciativa global realizou testes químicos a amostras de kush recolhidas na Serra Leoa e na Guiné-Bissau para investigação e comprovou que "mais de 50% das amostras contêm nitazenos, um opioide sintético altamente viciante e mortal, comparando ao fentanil, enquanto a outra metade contém canabinoides sintéticos", indicou a entidade no estudo.
A Guiné-Bissau foi um dos países que mais recentemente comunicou o aparecimento de kush nos mercados retalhistas de droga, mas o consumo manteve-se mais limitado e "não foram registadas muitas mortes", explicou.
"Algumas dessas substâncias são importadas da China, dos Países Baixos e, muito provavelmente, do Reino Unido, por meio de rotas marítimas e serviços de correio aéreo e postal. Não está claro se os ingredientes do kush exportados dos países europeus incluem nitazenos ou apenas canabinóides sintéticos", contextualizou.
O mercado desta droga "costumava ser fortemente controlado por grandes grupos, mas atualmente está cada vez mais fragmentado", com pequenos atores a criarem as suas próprias operações e abstendo-se da violência, "por ser má para o negócio", segundo um relato citado no estudo.
Para a iniciativa global "é necessária uma ação coordenada e urgente em três frentes: 1) aperfeiçoar a monitorização, os sistemas de alerta precoce, os testes e a partilha de informações na África Ocidental; 2) interromper as cadeias de abastecimento da China, dos Países Baixos e do Reino Unido, bem como nos pontos de entrada na Serra Leoa; e 3) atenuar os efeitos nocivos do consumo de kush".
Assim, "devido à natureza fragmentada do mercado de kush, é urgente uma ação coordenada", recomendou.
O kush é uma droga barata, extremamente viciante e cada vez mais mortífera que espelha a rápida infiltração das drogas sintéticas na África Ocidental, salientou.
"O afluxo de drogas sintéticas baratas, viciantes, nocivas e misturadas localmente está a mudar a África Ocidental de forma duradoura", disse.
De acordo com o estudo, estão a surgir novos mercados de consumo de drogas e os riscos graves para a saúde são difíceis de combater num sistema de saúde mal preparado, sendo que cada vez mais jovens da África Ocidental - uma região em crescimento - serão afetados em todos os aspetos socioeconómicos.
"Em suma, é provável que o kush seja apenas o início de um problema de droga mais vasto e iminente na África Ocidental", lamentou.
No entanto, as mortes relacionadas com o kush parecem ter diminuído no segundo trimestre de 2024, embora o consumo continue elevado, salientou.
A Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional é "uma rede de profissionais que trabalham na linha da frente na luta contra a economia ilícita e os atores criminosos", explicou.
cmjornal