MRV (MRVE3): BTG vê resultados fracos, impactados pela Resia
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O BTG Pactual classificou os resultados do 4T24 da MRV (MRVE3) como fracos, com um prejuízo líquido de R$ 250 milhões, acima das projeções do mercado. O resultado negativo foi impulsionado por perdas maiores que o esperado na Resia, sua operação nos Estados Unidos, além de maiores despesas financeiras e impostos sobre a reversão de benefícios fiscais nos EUA.
A receita líquida da companhia totalizou R$ 2,38 bilhões, um aumento de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior, ficando em linha com as estimativas.
A margem bruta ajustada foi de 29,9%, um crescimento de 250 pontos-base no comparativo anual, mas ainda 40 pontos-base abaixo das expectativas. Esse desempenho foi afetado pelo aumento das provisões para custos de construção.
O EBITDA ajustado somou R$ 179 milhões, uma alta de 111% em relação ao ano anterior, mas ainda 47% abaixo das projeções, refletindo as perdas da Resia. Com isso, o prejuízo final superou as expectativas iniciais de R$ 150 milhões negativos.
Apesar do prejuízo, a MRVE3 gerou R$ 312 milhões em caixa no trimestre, impulsionada principalmente pela venda de recebíveis. Esse montante foi distribuído entre:
- R$ 203 milhões na operação de baixa renda, auxiliados por R$ 377 milhões em securitizações;
- R$ 16 milhões na Luggo, sua operação multifamiliar no Brasil;
- R$ 19 milhões no segmento de loteamentos (Urba);
- R$ 74 milhões na Resia, graças à venda de projetos que renderam R$ 475 milhões.
Com isso, a MRV encerrou 2024 com uma dívida líquida de R$ 6,2 bilhões, o que representa um índice dívida/patrimônio de 82%. Além disso, a companhia possui cerca de R$ 3,8 bilhões em passivos relacionados a cessões de crédito, que não são contabilizados como dívida.
O balanço da MRV no quarto trimestre foi mais fraco que o esperado pelo BTG, com perdas acima das previsões na Resia, além de despesas financeiras e tributárias mais altas.
Apesar da avaliação descontada da companhia, com um P/TBV de 0,6x, a recuperação das margens no Brasil tem sido mais lenta do que o previsto, diz o relatório, devido às provisões contínuas para estouros de custo.
Além disso, o cenário para a Resia segue desafiador, em meio a juros elevados nos Estados Unidos. Diante desse panorama, o BTG Pactual indicou que atualizará seu modelo para 2025, considerando um cenário mais conservador, pois os números atuais parecem excessivamente otimistas.
Os analistas ainda recomendam compra para as ações da MRV, com preço-alvo de R$ 17 por ação MRVE3.
Por volta das 14h45 desta terça-feira (25), a MRV recuava 1,87% no Ibovespa, com as ações MRVE3 cotadas a R$ 5,24.
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