Rússia e Ucrânia trocam ataques de drones em meio a manobras de negociações de paz

LONDRES — Rússia e Ucrânia trocaram grandes ondas de drones de ataque durante a noite e domingo, enquanto os dois combatentes manobravam antes da cúpula planejada para sexta-feira no Alasca entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin.
A Força Aérea da Ucrânia informou que a Rússia lançou 100 drones contra o país durante a noite, dos quais 70 foram abatidos ou reprimidos. Trinta drones foram atingidos em 12 locais, informou a Força Aérea em um comunicado publicado no Telegram.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas tropas abateram pelo menos 126 drones ucranianos durante a noite.
Restrições temporárias de voos foram introduzidas em aeroportos no sudoeste do país, em Vladikavkaz, Grozny, Saratov e Kaluga, informou a agência aérea federal russa Rosaviatsiya, durante os ataques.
Em Saratov, o governador regional Roman Busargin disse que uma pessoa morreu e várias ficaram feridas por causa de um drone que caiu perto de um prédio residencial. Uma instalação industrial também foi danificada, disse Busargin.

O Estado-Maior Ucraniano confirmou posteriormente o ataque a Saratov, afirmando em um comunicado que o ataque teve como alvo uma refinaria de petróleo na região. "A refinaria de Saratov é uma das principais instalações da infraestrutura de combustível da Federação Russa, envolvida no fornecimento de derivados de petróleo às tropas de ocupação", afirmou o Estado-Maior. "Sua capacidade anual de processamento é de até 7 milhões de toneladas de petróleo."
"As Forças de Defesa da Ucrânia continuam a tomar medidas sistemáticas destinadas a reduzir o potencial militar e econômico do inimigo, a fim de forçá-lo a cessar a agressão armada contra o nosso Estado", acrescentou. "Cada objeto afetado no território da Federação Russa, envolvido na garantia de sua guerra criminosa contra a Ucrânia, nos aproxima da paz justa."
A Ucrânia parece ter intensificado seus ataques com drones nos últimos dias. Até agora, em agosto, o Ministério da Defesa da Rússia relatou a derrubada de 1.117 drones ucranianos — uma média de cerca de 117 por dia, um aumento notável em relação à média diária de 97 drones abatidos em julho.
Para os defensores ucranianos, agosto tem sido até agora mais tranquilo do que julho. Kiev relatou ter enfrentado 749 drones e 11 mísseis até agora neste mês, uma média de aproximadamente 75 drones e um míssil por dia.
Em julho, a Rússia estabeleceu um novo recorde de ataques aéreos, lançando um total de 6.443 drones e mísseis na Ucrânia durante o mês, com uma média diária de cerca de 201 drones e seis mísseis por dia.
Enquanto os ataques de longo alcance e os combates intensos na linha de frente continuam, tanto Kiev quanto Moscou também estão manobrando na frente diplomática.
Desde que Trump anunciou que se encontraria com Putin no Alasca na sexta-feira, autoridades ucranianas iniciaram uma ofensiva diplomática para fortalecer a coalizão ocidental em apoio às suas demandas de paz.
O presidente Volodymyr Zelenskyy e outras autoridades ucranianas insistiram que qualquer negociação deve incluir a Ucrânia. Kiev também não cederá oficialmente nenhum território, não aceitará limitações em suas forças armadas nem abandonará suas ambições de ingressar na OTAN e na União Europeia, afirmou Zelenskyy.
Putin, no entanto, está exigindo que a Ucrânia ceda diversas regiões — nem todas controladas por tropas russas — no sul e leste do país, aceite restrições ao tamanho e sofisticação de suas forças armadas e seja permanentemente excluída da OTAN.
As exigências da Rússia, disse Zelenskyy, constituem uma tentativa de "dividir a Ucrânia".
Falando na Casa Branca na sexta-feira, Trump sugeriu que um acordo poderia incluir "alguma troca de territórios". Zelenskyy rejeitou rapidamente a proposta, dizendo que a Ucrânia "não dará à Rússia nenhuma recompensa pelo que ela fez" e que "os ucranianos não entregarão suas terras ao ocupante".
"Nossas posições eram claras: uma paz confiável e duradoura só é possível com a Ucrânia na mesa de negociações, com total respeito à nossa soberania e sem reconhecer a ocupação", disse Andriy Yermak, influente chefe de gabinete de Zelenskyy, em uma declaração no sábado, após participar de conversas com o vice-presidente JD Vance no Reino Unido.

O presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Friedrich Merz, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o primeiro-ministro polonês Donald Tusk estavam entre os líderes europeus que assinaram uma declaração conjunta expressando seu apoio a Kiev em quaisquer negociações de paz.
"Acolhemos o trabalho do presidente Trump para pôr fim à matança na Ucrânia, encerrar a guerra de agressão da Federação Russa e alcançar paz e segurança justas e duradouras para a Ucrânia", diz a declaração.
"Estamos convencidos de que somente uma abordagem que combine diplomacia ativa, apoio à Ucrânia e pressão sobre a Federação Russa para pôr fim à sua guerra ilegal poderá ter sucesso", acrescentou.
"Negociações significativas só podem ocorrer no contexto de um cessar-fogo ou redução das hostilidades", afirmou a declaração conjunta. "O caminho para a paz na Ucrânia não pode ser decidido sem a Ucrânia. Permanecemos comprometidos com o princípio de que as fronteiras internacionais não devem ser alteradas pela força. A atual linha de contato deve ser o ponto de partida das negociações."
ABC News