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As turbinas eólicas offshore ajudarão a descarbonizar a economia.

As turbinas eólicas offshore ajudarão a descarbonizar a economia.

Devido à eliminação gradual do carvão, a Polônia enfrentará uma das maiores lacunas de adequação energética da UE até 2030, o que significa uma maior probabilidade e escala de escassez, onde a oferta não será capaz de atender à demanda de forma confiável, alerta o think tank Forum Energii em seu relatório de junho de 2025, "Energia e Flexibilidade". O relatório estima que, até 2040, a Polônia poderá precisar de até 100 GW de nova capacidade de geração para equilibrar o sistema elétrico. A demanda por energia crescerá, por exemplo, devido à demanda por carros elétricos, bombas de calor, aquecimento urbano e data centers. Portanto, o desenvolvimento de novas fontes de energia renováveis ​​é essencial, especialmente as mais eficientes, como os parques eólicos offshore.

A energia eólica offshore (OWP, na sigla em inglês) é um dos pilares dessa transformação. Até 2030, turbinas eólicas com capacidade de 5,9 GW estarão operando no Mar Báltico e, uma década depois, a Polônia terá 18 GW de capacidade instalada. O Mar Báltico é um local excelente para esse tipo de investimento – é relativamente raso e ventoso, com velocidades médias de vento de 7,5 a 9,5 m/s. Mais de um terço do potencial de OWP foi identificado em águas polonesas – estimado em 33 GW. A plena utilização desses recursos atenderia a quase 60% da demanda energética atual do país.

Atualmente, estão em andamento projetos com capacidade total de aproximadamente 8,4 GW, incluindo 5,9 GW na primeira fase e 2,5 GW na segunda. Os investimentos da primeira fase já estão em construção, e a primeira geração de energia elétrica proveniente de parques eólicos offshore no Mar Báltico deverá chegar à Polônia no próximo ano. Investidores poloneses estão construindo os parques em parceria com empresas estrangeiras. Os projetos mais avançados estão sendo desenvolvidos pela Orlen e Northland Power (1,2 GW), Polenergia e Equinor (1,44 GW) e PGE e Ørsted (aproximadamente 2,5 GW). Paralelamente, foram concedidas licenças de localização para cerca de outros 10 GW em projetos.

Projetos essenciais

A construção de parques eólicos offshore leva anos. O processo poderia ser mais rápido, mas é atrasado por procedimentos demorados, resultando em uma implementação mais demorada desses investimentos do que em outros países europeus. É necessário obter direitos de uso da terra, uma decisão ambiental, um acordo de conexão, uma licença de construção e condições de conexão à rede. Além disso, também são necessárias licenças de localização, uma avaliação de impacto ambiental e pareceres de especialistas sobre o impacto nos sistemas de navegação e comunicação.

Os investimentos de capital relacionados à construção de turbinas eólicas offshore são maiores do que os de turbinas onshore devido às condições específicas desse tipo de investimento. O transporte dos componentes do parque eólico é mais caro, assim como a própria construção. Além disso, há os custos de levantamento do fundo do mar, limpeza do leito marinho, taxas para construção de ilhas artificiais e conexões de cabos com o continente – a energia precisa ser transportada por longas distâncias. Outro fator crucial é a potência da turbina. As turbinas maiores são instaladas em alto-mar para maximizar a eficiência do parque eólico. Os custos das turbinas representam 51% dos custos totais em parques eólicos offshore, seguidos pelas fundações (14%) e redes de cabos (12%). Por outro lado, turbinas maiores significam maior eficiência, o que favorece a viabilidade econômica do projeto.

Os projetos de energia eólica offshore podem receber apoio por meio de leilões ou, como no caso dos projetos da Fase I, por meio de decisões administrativas. O apoio baseia-se em um contrato por diferença (CFD) para cobrir o saldo negativo entre o preço de mercado e o preço estabelecido na decisão ou na proposta do leilão. Na Fase I, o preço máximo de apoio, dependendo da área, variou de PLN 485,71 a PLN 512,32 por MWh. Na Fase II, será determinado por meio de leilões divididos por ano (2025 – 4 GW, 2027 – 4 GW, 2029 – 2 GW e 2031 – 2 GW). O apoio é concedido aos geradores que oferecerem o menor preço pela eletricidade gerada pelo parque eólico offshore. Esse apoio é importante, considerando os custos de investimento e a volatilidade dos mercados de energia. Dependendo do projeto, a participação do investidor no financiamento geralmente varia entre 20% e 35% (capital próprio) e 80% a 65% (dívida).

Uma oportunidade para a economia

No entanto, o esforço vale a pena – de acordo com os cálculos da PWEA, a inclusão de 18 GW de energia eólica offshore na matriz energética, prevista para 2040, reduzirá os preços da eletricidade pela metade em comparação com os preços que serão aplicados se apenas 5,9 GW forem introduzidos até 2030. Isso pode representar uma economia de várias dezenas de bilhões de zlotys.

É também uma forma de fortalecer as empresas industriais e de serviços polacas. A busca pela participação mais ampla possível de empresas polacas em projetos implementados, como fornecedoras ou subcontratadas, traz uma série de benefícios. Ao colaborar com parceiros que já implementam esses projetos há anos, as entidades nacionais podem investir e aprimorar suas competências, consolidando sua posição no mercado. "A campanha de investimento em energia eólica offshore no país não tem paralelo em nenhum outro projeto de desenvolvimento na Polônia contemporânea. Estamos falando de 300 bilhões de zlotys até 2040", enfatiza Janusz Gajowiecki, presidente da Associação Polonesa de Energia Eólica (PWEA), no relatório "Energia Eólica na Polônia 2025", elaborado pela PWEA, pelo escritório de advocacia DWF e pelas consultorias TPA Poland e Baker Tilly TPA.

A construção de um parque eólico exige a cooperação de muitos setores da economia. Um estudo realizado pela BGK em 2023 mostrou que existem mais de 200 empresas na Polônia que poderiam participar de projetos de parques eólicos offshore, das quais 20 já atuam ativamente no setor e mais de 100 planejam se envolver. Atualmente, a participação de empresas polonesas na primeira fase do investimento varia entre alguns e doze por cento, menos do que o inicialmente previsto. Isso se deve ao fato de que as empresas nacionais ainda não se desenvolveram a ponto de se tornarem fornecedoras diretas de componentes para o investidor (os chamados fornecedores de primeiro nível). Isso dificulta a criação de uma cadeia nacional de fornecedores de níveis inferiores. No entanto, essa participação aumentará se forem adicionados os serviços de manutenção relacionados à operação de parques eólicos já concluídos, uma vez que esses serviços serão em grande parte prestados por empresas nacionais. A vida útil dos parques eólicos é estimada em 25 a 30 anos.

Os parques eólicos offshore representam a melhor tecnologia de energia renovável em larga escala disponível atualmente, capazes de reduzir significativamente as emissões e, ao mesmo tempo, garantir o fornecimento de volumes consideráveis ​​de energia limpa, essencial para a descarbonização industrial e o desenvolvimento de uma economia do hidrogênio. Considerando uma produção anual de 130 TWh, as emissões de dióxido de carbono poderiam ser reduzidas em até 102 milhões de toneladas por ano. Ao desenvolver essas fontes de energia, a Polônia reduzirá sua dependência energética de fornecedores externos de matéria-prima, além de diminuir os gastos com combustíveis fósseis e melhorar a qualidade do ar e a qualidade de vida dos poloneses.

Conversa com um parceiro de ciclismo

Grzegorz Kotte, diretor do Departamento de Parques Eólicos Offshore da Polenergia

Grzegorz Kotte, diretor do Departamento de Parques Eólicos Offshore da Polenergia

Foto: M. Adamczuk

A eletricidade proveniente do Mar Báltico aumentará a segurança da Polônia.

Os parques eólicos offshore estão se tornando um elemento fundamental da transformação energética – afirma Grzegorz Kotte, diretor do Departamento de Parques Eólicos Offshore da Polenergia SA.

Seria possível essa transformação sem a energia eólica offshore?

A Polônia ainda está bem abaixo da média europeia em termos de participação de fontes de energia de baixa emissão na produção de eletricidade – a diferença é superior a 40%. Em 2024, a participação de energias renováveis ​​na Polônia era de aproximadamente 27%, segundo um relatório da PSE (Polish Power Grid), enquanto na União Europeia, a participação da produção de energia a partir de fontes renováveis ​​era de aproximadamente 47%, e a participação da produção de energia a partir de fontes de baixa emissão (energias renováveis ​​+ energia nuclear) era superior a 70%. O ritmo de crescimento da capacidade de energia renovável é relativamente lento, e uma parcela significativa da produção de energia doméstica ainda provém de usinas termelétricas a carvão. Muitas dessas unidades, particularmente aquelas com capacidade de 200 MW, já ultrapassaram sua vida útil prevista e serão desativadas até 2032.

Como resultado, surgirá uma lacuna na capacidade de geração doméstica nos próximos anos. As oportunidades para o desenvolvimento da energia fotovoltaica estão se esgotando gradualmente, enquanto o desenvolvimento da energia eólica em terra será limitado por fatores legislativos, o que se traduzirá em menor dinamismo de investimentos. Uma usina nuclear, que poderia compensar parcialmente essas deficiências, não está prevista antes de 2033-2034.

Nesse contexto, os parques eólicos offshore estão se tornando um elemento-chave da transição energética. Os primeiros projetos, com capacidade total de aproximadamente 4 GW, devem entrar em operação por volta de 2028 e atenderão a quase 10% da demanda de eletricidade da Polônia. Além disso, contratos para outros 4 GW de capacidade poderão ser concedidos no próximo leilão, previsto para dezembro. Combinadas, as duas fases de desenvolvimento da energia eólica offshore poderão, portanto, suprir até 19% da demanda interna da Polônia, tornando esse segmento um elemento essencial para a efetiva transição energética do país.

Os parques eólicos offshore são rentáveis?

Os parques eólicos offshore são um empreendimento lucrativo, mas é importante lembrar que também envolvem investimentos financeiros significativos. Um não compensa o outro. A rentabilidade dos parques eólicos é influenciada por diversos fatores, incluindo:

1. Fator de capacidade – a energia eólica offshore é mais constante, uniforme e previsível do que a onshore, o que aumenta a eficiência e a estabilidade da produção de energia. As flutuações horárias e diárias são menores do que em terra. A produção também é menos dependente de condições locais, como o terreno. Os parques eólicos offshore produzem mais energia com a mesma capacidade nominal e de forma mais consistente em comparação com outras fontes de energia renovável.

2. Estabilidade das receitas - graças aos contratos CfD (Contrato por Diferença) com preço de energia garantido em um nível específico por 25 anos, o risco de quedas significativas nas receitas da produção de energia é limitado.

3. Escala do projeto - os parques eólicos offshore são caracterizados por alta potência e projetos de grande escala, o que afeta as economias de escala.

4. Alavancagem financeira - uma alta participação no financiamento por dívida significa que o envolvimento de capital próprio é relativamente pequeno, o que, se o projeto for executado corretamente, pode aumentar o retorno sobre o patrimônio líquido.

5. Transição energética e apoio político – o quadro jurídico polaco e o apoio estratégico à energia eólica offshore reduzem a incerteza regulamentar e promovem a estabilidade do investimento.

6. Melhorias tecnológicas - turbinas cada vez maiores significam maior produção de energia a partir de uma única instalação e custos unitários mais baixos.

7. Otimização operacional e de serviços - monitoramento em tempo real, robótica e sistemas de inspeção autônomos podem reduzir os custos de O&M (operação e manutenção) no futuro.

Por outro lado, a construção de parques eólicos exige investimentos significativos. O financiamento dos parques eólicos offshore da Polenergia – Bałtyk 2 e Bałtyk 3 – foi organizado por meio de um modelo de financiamento de projetos e representa a maior transação desse tipo na história do setor energético polonês. Aproximadamente 30 instituições financeiras estão envolvidas no processo, e o valor total do financiamento ultrapassa € 6 bilhões, o equivalente a cerca de 0,7% do PIB da Polônia. A estrutura de financiamento de projetos não onera o orçamento do Estado, permitindo que os recursos públicos sejam direcionados para outras prioridades, ao mesmo tempo que acelera a transição energética e integra fontes de energia renovável em larga escala ao sistema energético nacional. Os parques eólicos offshore são investimentos de longo prazo, com o período de rentabilidade – o momento em que os investidores começam a obter lucros – levando vários anos para esse tipo de investimento.

Como se compara o preço da energia eólica offshore com o de outras fontes de energia renováveis?

Entre as fontes de energia renováveis ​​dependentes das condições meteorológicas, a energia offshore apresenta o perfil de produção mais estável e uniforme, tornando-a a mais adequada às necessidades do sistema. Portanto, em análises da Agência Internacional de Energia (IEA), seu índice VALCOE se compara favoravelmente ao da energia fotovoltaica e da energia eólica onshore, apesar do CAPEX mais elevado. No que diz respeito à energia nuclear, tanto as análises da IEA quanto outras fontes que descrevem os indicadores LCOE+ mostram que a energia offshore ainda é uma tecnologia muito mais barata. Deve-se notar também que, na Polônia, os investidores em energia offshore constroem a infraestrutura de energia onshore (o que aumenta os investimentos de capital em aproximadamente 30%), enquanto em muitos países essa responsabilidade cabe à operadora do sistema de transmissão, o que permite a otimização de custos.

Como garantir a segurança da infraestrutura marítima?

A segurança dos parques eólicos offshore no Mar Báltico não é apenas uma questão de tecnologia, mas, sobretudo, da gestão responsável de infraestruturas energéticas estratégicas. Estes investimentos serão cruciais para a transformação energética da Polónia e, por conseguinte, devem ser protegidos em múltiplos níveis – desde a estabilidade estrutural e a fiabilidade do sistema até à segurança das pessoas e do ambiente. A cibersegurança e a proteção de sistemas de controlo, como o SCADA, são fundamentais neste contexto.

Os parques eólicos offshore são redes complexas de dispositivos que se comunicam em tempo real com operadores em terra, o que os torna alvos potenciais de ciberataques. Além da implementação de sistemas de segurança digital e operacional adequados, a estreita cooperação entre investidores, serviços marítimos e governos é crucial para responder eficazmente a potenciais ameaças — tanto naturais quanto provocadas pelo homem.

Proteger os sistemas digitais que gerenciam os parques eólicos e a transmissão de energia também é crucial, pois hoje, segurança energética significa também segurança de dados e de comunicação. A segurança dos parques eólicos offshore também é uma questão de continuidade operacional e resiliência da cadeia de suprimentos.

A Polônia deve desenvolver competências nacionais em monitoramento, manutenção e resposta a crises. Somente uma abordagem abrangente como essa nos permitirá construir uma base resiliente e segura para a energia eólica offshore, que se tornará um pilar de nossa futura independência energética.

RP

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