Uma questão importante: um ovo estressado é uma larva estressada?

Larvas e insetos adultos podem sentir os efeitos do estresse que sofreram enquanto ovos. E a exposição a um fator estressante pode proteger o animal dos efeitos de estresses subsequentes, de acordo com uma pesquisa com libélulas realizada por uma equipe internacional de cientistas.
Os resultados foram publicados na prestigiada revista "Evolutionary Applications".
A exposição de um animal a um tipo de fator estressante pode influenciar a forma como ele reage a condições adversas subsequentes. Curiosamente, uma combinação de vários fatores estressantes às vezes tem um efeito mais benéfico do que um único fator. Pesquisadores de uma equipe internacional liderada pelo Dr. Szymon Śniegula, do Instituto de Conservação da Natureza da Academia Polonesa de Ciências, investigaram isso em um dos experimentos mais complexos já realizados com libélulas.
Os pesquisadores se concentraram na libélula comum ( Lestes sponsa ), uma espécie de libélula amplamente distribuída na Polônia. Esses insetos têm um ciclo de vida complexo: hibernam na água como ovos, desenvolvem-se como larvas aquáticas e, em seguida, transformam-se em adultos voadores que vivem em terra. Os pesquisadores investigaram os efeitos do estresse em diferentes estágios da vida. No estudo em laboratório, foram utilizados três tipos de estressores: a diminuição das horas de luz do dia (a luz simulava um período de eclosão tardia — a aproximação do outono) e dois estressores antropogênicos: a presença de um predador invasor (sinais químicos do lagostim espinhoso) e a presença de contaminantes ambientais — cobre, cujos compostos são usados na agricultura como herbicidas e fungicidas.
O estresse causado por predadores foi introduzido na fase de ovo, antes da eclosão das libélulas. As larvas foram então expostas a várias combinações de fatores estressantes, e os pesquisadores mediram parâmetros como sobrevivência, taxa de crescimento, comportamento e parâmetros fisiológicos.
Os resultados mostraram que os efeitos do estresse são extremamente complexos e frequentemente dependem do gênero, da fase da vida e de uma combinação de fatores ambientais.
Por exemplo, a presença de um predador durante o desenvolvimento dos ovos atrasou a eclosão e, nos machos, levou a um crescimento larval mais lento. Por sua vez, a exposição ao cobre aumentou o estresse oxidativo, mas apenas quando as larvas tiveram mais tempo para se desenvolver. Quando, além do cobre, ocorreu um fator estressante adicional, como a redução da duração do dia, as larvas tornaram-se resistentes aos efeitos nocivos do cobre. Outras combinações de fatores estressantes influenciaram o comportamento larval e suas estratégias de uso de energia – alguns indivíduos aumentaram a atividade, outros a suprimiram.
"Este foi o experimento mais complexo que já realizei em meu laboratório", admite o Dr. Szymon Śniegula, do Instituto de Conservação da Natureza da Academia Polonesa de Ciências, um dos coautores do estudo. "Graças a ele, nos aproximamos da compreensão de como os animais lidam com os desafios ambientais na era das mudanças climáticas, espécies exóticas invasoras e poluição."
A pesquisa é de grande importância não apenas para a ecologia evolutiva, mas também para a conservação da natureza. Ela demonstra que o impacto dos fatores de estresse deve ser analisado não isoladamente, mas no contexto de suas interações – e em diferentes estágios da vida de um organismo.
Essas descobertas destacam o fato de que experimentos laboratoriais padrão, que examinam o impacto de ameaças isoladas — por exemplo, poluentes — sem considerar outras variáveis, podem não refletir a ameaça real aos organismos na natureza. Esses resultados demonstram que, para avaliar realisticamente o impacto de pesticidas no funcionamento de diversos organismos, vários parâmetros de estressores naturais devem ser levados em consideração. A forma como um animal responde à presença de substâncias nocivas na natureza também é influenciada por fatores como a estação do ano e a presença de predadores.
O trabalho de pesquisa foi realizado com o apoio da bolsa OPUS NCN.
PAP - Ciência na Polônia
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