Bolsonaro tem que escolher alguém que possa ganhar em 2026, diz Ciro Nogueira

Nome forte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ainda muito influente na direita, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) vê que o nome que o aliado escolher para concorrer ao Planalto no ano que vem precisará ser certeiro, sem margem para erros. A próxima eleição presidencial ainda está cerca de dúvidas sobre quem Bolsonaro apoiará formalmente, já que ainda se coloca como candidato mesmo estando inelegível e às vésperas do julgamento por supostamente ter liderado uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O julgamento, que se inicia nesta terça (2), será o marco para o ex-presidente dar o aval ao nome da direita para concorrer com o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem sinalizando fortemente que tentará a reeleição.
“O único que não pode perder a eleição do ano que vem é Jair Bolsonaro, por causa da situação dele. Ele tem que escolher alguém que possa ganhar”, afirmou o senador em entrevista ao Valor Econômico publicada nesta segunda (1º).
Enquanto as pesquisas de opinião ainda apontem Bolsonaro como um nome forte, os outros possíveis concorrentes – como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), de São Paulo – aparecem ora empatados tecnicamente com o petista e ora atrás em uma eventual disputa. No entanto, para Ciro Nogueira, Lula já está comprando um nome para a eleição para dividir a direita.
“Ele [Lula] quer colocar holofotes sobre Tarcísio e sobre mim para nos queimar, porque sabe da reação que a precipitação sobre a questão de nome provoca na oposição. Fixar o Tarcísio como candidato agora leva setores da direita a bater em Tarcísio”, afirmou o senador.
A menção de Lula a Tarcísio teria ocorrido durante a última reunião ministerial, no dia 26. No entanto, o governador de São Paulo tem sido enfático publicamente de que pretende concorrer à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.
Há, ainda, uma rusga interna com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que defende a candidatura do pai ou a própria à presidência da República, mesmo estando fora do país e indiciado pela Polícia Federal por uma alegada tentativa de obstrução do processo do suposto golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Neste final de semana, Eduardo Bolsonaro afirmou que pode até mesmo deixar o PL caso Tarcísio migre do Republicanos para a legenda. “Se o meu pai não puder se candidatar, eu gostaria de sair candidato. Se o Tarcísio vier para o PL, o que vai acontecer? Eu não terei espaço”, afirmou em entrevista ao Metrópoles.
Apesar da rusga com o aliado, Ciro Nogueira afirmou que Eduardo “caiu em uma armadilha” do presidente Lula na questão do tarifaço e das sanções aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil.
“Falei com ele [Eduardo] agora há pouco [quinta-feira], é um grande amigo meu. Não concordo com posições dele, mas as compreendo”, pontuou.
O senador ainda negou que pode vir a ser vice de Tarcísio em uma eventual disputa presidencial, como se ventilou nos bastidores. Para Ciro Nogueira, este cargo será escolhido apenas depois de se definir quem será o candidato principal “considerando conveniências de ordem política e eleitoral”.
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